A Geoeconomia do Comércio Internacional aplicada aos Veículos Elétricos – PhD Leonardo Macedo (desde Brasil)

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Na segunda-feira, 26 de agosto de 2024, o Canadá anunciou uma série de medidas comerciais destinadas a proteger sua indústria de veículos elétricos (EV), assim como seus produtores de aço e alumínio, contra as práticas comerciais consideradas desleais da China. As principais medidas incluem: (1) uma sobretaxa de 100% sobre os EVs fabricados na China, a partir de 1º de outubro de 2024, além da tarifa existente de 6,1%; (2) uma sobretaxa de 25% sobre as importações de produtos chineses de aço e alumínio, a partir de 15 de outubro de 2024; e (3) uma consulta de 30 dias sobre setores críticos, como baterias, semicondutores e produtos solares, para possíveis ações futuras.

Essas medidas são mais um exemplo de como as forças geopolíticas estão moldando cada vez mais as políticas econômicas globais. Nos últimos anos, a geoeconomia ganhou destaque à medida que as nações utilizam seu poder econômico para alcançar objetivos políticos e estratégicos. Essa fusão de interesses econômicos e geopolíticos é exemplificada pelo crescente uso do *lawfare econômico*, em que estruturas legais, restrições comerciais e sanções são usadas como armas para obter vantagem estratégica. Potências como os Estados Unidos, a União Europeia e a China têm empregado essa abordagem de forma notável.

Os Estados Unidos impuseram tarifas sobre o alumínio, os veículos elétricos (EVs) e o aço da China em março de 2018, sob a Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio de 1962. Citando preocupações de segurança nacional, os EUA aplicaram uma tarifa de 25% sobre o aço e uma de 10% sobre o alumínio importados da China e de outros países.

Essa tendência de adoção do *lawfare* econômico — incluindo tarifas mais altas, sobretaxas, direitos compensatórios e outras medidas comerciais — sugere que essas ações podem continuar a ser impostas, muitas vezes sem levar em consideração os compromissos com a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Embora as regras da OMC permitam que os governos aumentem tarifas ou imponham medidas econômicas sob certas condições, essas ações devem seguir procedimentos estabelecidos. No entanto, o crescente número de ações unilaterais que ignoram os processos da OMC sinaliza um desrespeito ao multilateralismo e ao sistema de comércio baseado em regras. Isso marca um retrocesso significativo para a OMC e para os defensores da cooperação global.

No âmbito multilateral, a China respondeu a essas medidas unilaterais solicitando consultas na OMC. Um exemplo importante é o pedido da China em relação aos direitos compensatórios impostos pela União Europeia (UE) sobre novos veículos elétricos a bateria (BEVs). A UE iniciou uma investigação antissubsídio em outubro de 2023, que resultou em medidas provisórias em julho de 2024. A China argumenta que as ações da UE são protecionistas e violam os acordos da OMC, particularmente o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) de 1994 e o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (SCM Agreement) (caso OMC DS626).

O crescente uso do *lawfare* econômico revela que essa prática sempre existiu, embora agora esteja mais visível no comércio internacional.

O que podemos esperar das futuras medidas de *lawfare* econômico? Quem está se alinhando com quem? Ainda é difícil prever. No entanto, o que está claro é que esses desdobramentos ressaltam o dano causado pela intensificação da rivalidade geopolítica à previsibilidade e à abertura do sistema de comércio global — uma base da prosperidade econômica de muitas nações e do bem-estar de seus cidadãos.

Referências:

Governo do Canadá. Canada implementing measures to protect Canadian workers and key economic sectors from unfair Chinese trade practices. Link at <Canada implementing measures to protect Canadian workers and key economic sectors from unfair Chinese trade practices – Canada.ca>. August 2024

WTO. DS626: European Union — Provisional Countervailing Duties on New Battery Electric Vehicles from China. Link at https://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds626_e.htm

 

En español

El lunes 26 de agosto de 2024, Canadá anunció una serie de medidas comerciales diseñadas para proteger su industria de vehículos eléctricos (EV), así como a sus productores de acero y aluminio, contra las prácticas comerciales desleales de China. Las medidas clave incluyen: (1) un recargo del 100% sobre los vehículos eléctricos fabricados en China a partir del 1 de octubre de 2024, además del arancel existente del 6,1%; (2) un recargo del 25% a las importaciones de productos chinos de acero y aluminio, a partir del 15 de octubre de 2024; y (3) una consulta de 30 días sobre sectores críticos como baterías, semiconductores y productos solares para posibles acciones futuras.

Estas medidas son otro ejemplo más de cómo las fuerzas geopolíticas están dando forma cada vez más a las políticas económicas globales. En los últimos años, la geoeconomía ha ganado importancia a medida que las naciones utilizan su poder económico para lograr objetivos políticos y estratégicos. Esta fusión de intereses económicos y geopolíticos se ejemplifica con el uso cada vez mayor de *lawfare económico*, en el que los marcos legales, las restricciones comerciales y las sanciones se utilizan como armas para obtener ventajas estratégicas. Potencias como Estados Unidos, la Unión Europea y China han utilizado notablemente este enfoque.

Estados Unidos impuso aranceles al aluminio, los vehículos eléctricos (EV) y el acero procedentes de China en marzo de 2018 en virtud de la Sección 232 de la Ley de Expansión Comercial de 1962. Citando preocupaciones de seguridad nacional, Estados Unidos impuso un arancel del 25% al ​​acero y del 10% al acero. sobre aluminio importado de China y otros países.

Esta tendencia hacia la adopción de un *lawfare* económico –incluidos aranceles más altos, recargos, derechos compensatorios y otras medidas comerciales– sugiere que estas acciones pueden seguir imponiéndose, a menudo sin tener en cuenta los compromisos con la Organización Mundial del Comercio (OMC).

Aunque las normas de la OMC permiten a los gobiernos aumentar los aranceles o imponer medidas económicas bajo ciertas condiciones, estas acciones deben seguir procedimientos establecidos. Sin embargo, el creciente número de acciones unilaterales que ignoran los procesos de la OMC indica un desprecio por el multilateralismo y el sistema comercial basado en reglas. Esto marca un revés significativo para la OMC y los defensores de la cooperación global.

A nivel multilateral, China respondió a estas medidas unilaterales solicitando consultas en la OMC. Un ejemplo importante es la solicitud de China sobre los derechos compensatorios impuestos por la Unión Europea (UE) a los nuevos vehículos eléctricos de batería (BEV). La UE inició una investigación antisubvenciones en octubre de 2023, que dio lugar a medidas provisionales en julio de 2024. China sostiene que las acciones de la UE son proteccionistas y violan los acuerdos de la OMC, en particular el Acuerdo General sobre Aranceles Aduaneros y Comercio (GATT) de 1994 y el Acuerdo sobre Subvenciones y Medidas Compensatorias (Acuerdo SMC) (caso DS626 de la OMC).

El creciente uso del *lawfare* económico revela que esta práctica siempre ha existido, aunque ahora es más visible en el comercio internacional.

¿Qué podemos esperar de futuras medidas económicas de *guerra legal*? ¿Quién se alinea con quién? Todavía es difícil de predecir. Sin embargo, lo que está claro es que estos acontecimientos resaltan el daño que la intensificación de la rivalidad geopolítica ha causado a la previsibilidad y apertura del sistema de comercio global, base de la prosperidad económica de muchas naciones y del bienestar de sus ciudadanos.

Referencias:

Gobierno de Canadá. Canadá implementa medidas para proteger a los trabajadores canadienses y sectores económicos clave de las prácticas comerciales desleales de China. Enlace en <Canada implementando medidas para proteger a los trabajadores canadienses y sectores económicos clave de las prácticas comerciales desleales de China – Canada.ca>. agosto 2024

OMC. DS626: Unión Europea — Derechos compensatorios provisionales sobre vehículos eléctricos de batería nuevos procedentes de China. Enlace en https://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds626_e.htm

Phd. Leonardo Macedo

Septiembre 2024

PhD Universidade de Maastricht, Experto da Organização Mundial de Aduanas (OMA), Auditor-Fiscal na Receita Federal do Brasil.